'Bin Laden morreu como um covarde', diz atirador



WASHINGTON - Após anunciar durante uma semana, o canal de TV Fox News finalmente transmitiu na noite de segunda-feira uma entrevista com Robert O'Neill, o ex-militar que afirma ter matado Osama bin Laden. Além de contar como foi a operação e que não acreditava que voltaria vivo para casa, o atirador da unidade de elite Seal declarou que o terrorista líder da al-Qaeda "morreu como um covarde".
Depois de causar polĂȘmica ao revelar sua identidade, O'Neill contou Ă  Fox News como foi a missĂŁo e o momento em que souberam que estavam indo matar Bin Laden. O ex-militar soube inicialmente que alguĂ©m tinha sido encontrado em uma casa, em algum paĂ­s, mas seu grupo nĂŁo imaginava que era Bin Laden - o homem mais procurado pelos EUA e autor intelectual dos atentados de 11 de setembro de 2001.
Ex-atirador da força especial da Marinha americana conhecida como Seal, O'Neill relatou ainda que quando descobriram que estavam indo matar Osama bin Laden, ele e seus companheiros tinham a certeza de que era uma missão sem volta, que morreriam lå, junto com o líder da al-Qaeda.
- NĂłs estamos indo e nĂŁo estamos indo para voltar. Estamos indo para morrer quando a casa explodir. Estamos indo para morrer quando ele explodir. Ou estamos indo para ficar lĂĄ por um tempo e seremos presos pelos paquistaneses e passaremos o resto de nossas curtas vidas numa prisĂŁo - relembrou O'Neill.
O soldado completou que mesmo sabendo dos riscos, ele e seus companheiros queriam fazer parte da missĂŁo, que consideraram histĂłrica.
- É isso. Não tem como ser melhor. É por isso que estamos aqui. Estamos na guerra por causa deste homem e agora nós estamos indo pegá-lo - declarou O'Neill, como se ainda estivesse no momento do ataque.
O'Neill acredita ter sido a Ășltima pessoa que Bin Laden viu antes de morrer. O ex-atirador deu ainda outra declaração polĂȘmica. Ele disse que o lĂ­der terrorista morreu de forma covarde, usando sua mulher mais nova como escudo humano.
- Parado dois passos na minha frente com as mãos em sua mulher, era o rosto que eu jå tinha visto milhÔes de vezes.
DISPUTA PELA AUTORIA DO DISPARO
O'Neill Ă© um dos protagonistas de uma polĂȘmica que estĂĄ provocando mal-estar no PĂ©ntagono. Depois de revelar ao "Washington Post" ser o homem que matou Bin Laden, o ex-militar foi contestado por outros membros de sua equipe, que indicam outros dois militares como os autores da ação.
Uma fonte próxima a outro ex-seal, que preferiu ficar no anonimato, diz que o tiro fatal foi disparado um ou dois militares que entraram no quarto em que o terrorista foi morto antes de O'Neill. Matt Bissonnette, outro ex-membro da equipe que escreveu o livro "No Easy Day" ("Não hå dia fåcil") sobre a operação em 2012, não contesta a posição de O'Neill diretamente.
- Duas pessoas diferentes contando duas histórias diferentes, por duas razÔes diferentes - disse Bissonnette. - Tudo o que ele diz, ele diz. Eu não quero falar sobre isso.
LĂ­deres de operaçÔes especiais enviaram cartas a todos os membros da Seal Team Six, solicitando que cumprissem o cĂłdigo de silĂȘncio e nĂŁo divulgassem informaçÔes sobre as operaçÔes. AlĂ©m disso, os comandantes pedem que os ex-militares evitem levar "crĂ©dito pĂșblico" por suas açÔes.
O'Neill disse que decidiu revelar sua identidade apĂłs ter perdido benefĂ­cios, como plano de saĂșde, apĂłs ter deixado o serviço militar depois 16 anos, quando o tempo mĂ­nimo exigido Ă© de 20 anos. FuncionĂĄrios do PentĂĄgono nĂŁo confirmaram nem negaram as informaçÔes do ex-seal.

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