A Globo sempre teve uma situação confortável no Ibope. Por isso, durante décadas, a direção da emissora adotou uma política pouco dinâmica.
Mudanças relevantes na programação eram decididas e implementadas somente após meses ou até anos de estudos e testes.
A hegemonia e a liderança isolada acabaram. Hoje há concorrência forte de outros canais. E a internet, grande vilã da televisão, se impôs de maneira imperativa e com perspectiva dominante sobre o velho veículo de comunicação que até pouco tempo parecia imbatível.
O canal da família Marinho ainda ostenta a maior audiência, mas perde para a Record e o SBT em alguns horários. Ver a poderosa Globo em terceiro lugar no ranking de Ibope era impensável até o início dos anos 2000.
O diretor-geral, Carlos Henrique Schroder, no cargo desde janeiro de 2013, finalmente conduz a emissora à realidade, após gestões burocráticas que a deixaram parada no tempo.
O executivo, que é jornalista de formação, aposta nas notícias ao vivo para salvar a combalida manhã do canal. A partir de dezembro serão quatro horas ininterruptas de telejornalismo, das 5h às 9h.
É uma resposta à boa audiência de programas da Record como Balanço Geral Manhã e Fala Brasil, e ao crescimento do Ibope do Notícias da Manhã, do SBT.
Schroder acredita, assim como muitos teóricos da televisão, que oferecer atrações ao vivo é uma maneira de interromper (e até reverter) a sangria de audiência da TV aberta para canais pagos e a web.
Surge agora a confirmação de que as manhãs de sábado, preenchidas com desenhos, terão edições especiais do Mais Você, Bem-Estar e Encontro com Fátima Bernardes. Mais uma tentativa de buscar reação no Ibope.
Estuda-se ainda uma reformulação nas tardes globais. A Sessão da Tarde, exibida desde 1974, dará lugar a um programa de variedades com auditório.
As sessões Tela Quente, às segundas, e Temperatura Máxima, aos domingos, também poderão (e deveriam) ser extintas. É inadmissível que uma das maiores produtoras de conteúdo do planeta ainda recorra aos ‘enlatados’ para ocupar importantes horários de sua grade.
O filé da Globo, a teledramaturgia, atravessa um período novo. Comitês formados por medalhões da casa (autores e diretores) passaram a estudar e indicar os melhores projetos para novelas, séries e novos programas de entretenimento. O objetivo é claro: fazer a emissora errar menos na escolha do que será produzido.
Outra alteração nesta área é relativa ao elenco. A direção da Globo quer desmontar o cabide de empregos, com centenas de contratados a peso de ouro — atores, autores e diretores — que ficam longos períodos sem trabalhar. A maioria dos acordos passa a ser por obra. Ou seja, o profissional ganha salário apenas enquanto está com um trabalho no ar.
Com essa nova política, a cúpula da Globo pretende modernizar a empresa, aumentar o lucro e garantir a liderança entre as emissoras do sinal aberto. Às vésperas de completar 50 anos, a emissora percebeu a necessidade urgente de se renovar em velocidade de banda larga.
F: Terra.
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