O assassinato de JĂ©ssica Camila da Silva Pereira foi o terceiro descoberto e atribuĂdo pela PolĂcia pernambucana ao trio, que vivia uma espĂ©cie de triĂąngulo amoroso. Os crimes começaram a ser descobertos em 2012, quando restos mortais de duas mulheres foram encontrados enterrados no quintal da casa dos acusados, no municĂpio de Garanhuns, no Agreste de Pernambuco. Com os trĂȘs, morava uma menina de 5 anos, filha de JĂ©ssica Camila. O processo relacionado Ă s outras duas vĂtimas corre em segredo de justiça e nĂŁo tem previsĂŁo de julgamento.
O jĂșri popular serĂĄ presidido pela juĂza Maria Segunda Gomes de Lima, no FĂłrum de Olinda. Os rĂ©us foram denunciados pelo MinistĂ©rio PĂșblico de Pernambuco (MPPE) por homicĂdio quadruplamente qualificado (por motivo torpe, meio cruel, impossibilidade de defesa da vĂtima e com a finalidade de assegurar a realização de outras prĂĄticas criminosas), vilipĂȘndio (prĂĄtica cometida contra o corpo de um ser humano) e ocultação de cadĂĄver.
A promotora responsĂĄvel pela acusação, Eliane Gaia, falou Ă imprensa que a culpa dos trĂȘs rĂ©us Ă© igual e que exames provam que os trĂȘs sabiam o que estavam fazendo.
— NĂłs temos provas suficientes para derrubar as teses de defesa. NinguĂ©m estava obrigado a fazer nada, todos estavam livres. Eles foram submetidos a testes psiquiĂĄtricos que provam que eles sĂŁo normais. Vou pedir a condenação dos trĂȘs— contou.
Antes de iniciar o julgamento, a juĂza comentou que tem a previsĂŁo de encerrar o jĂșri ainda nesta quinta, mas o andamento depende do comportamento da defesa e acusação no plenĂĄrio:
— Ă um julgamento comum, exceto a publicidade do fato em si. O que vai acontecer Ă© que a provas do processo serĂŁo analisadas pelas partes, tanto pela defesa quanto o MinistĂ©rio PĂșblico. A comoção social de fato aconteceu, porque houve a exposição.
Quando foram presos, em 2012, os rĂ©us teriam confessado o homicĂdio contra JĂ©ssica durante interrogatĂłrios policiais realizados ainda em Garanhuns. Bruna Cristina, uma das acusadas, assumiu a identidade de JĂ©ssica Camila para criar a filha da vĂtima. O plano, de acordo com a polĂcia, foi premeditado desde o inĂcio. A previsĂŁo Ă© de que o julgamento dure atĂ© dois dias.
SEITA E CARNE HUMANA
Os “Canibais de Garanhuns” afirmaram fazer parte de uma seita chamada “Cartel”, comandada por Jorge BeltrĂŁo Negromonte. AtravĂ©s de um livro, o acusado relatava atravĂ©s de textos e ilustraçÔes como eram realizados os rituais para o sacrifĂcio das vĂtimas. O trio pregava o “controle populacional” e a “purificação do mundo” e consumiam a carne humana. Eles guardavam partes do corpo em um refrigerador e produziam atĂ© salgados, como empadas e coxinhas, que eram vendidos em bairros da periferia de Garanhuns.
O caso veio Ă tona depois que parentes de Giselly Helena da Silva denunciaram o seu desaparecimento, em Garanhuns, em 2012. Os acusados usaram o cartĂŁo de crĂ©dito da vĂtima em lojas da cidade e foram localizados. Na casa onde moravam, os restos mortais de Giselly e tambĂ©m de Alexandra FalcĂŁo da Silva foram encontrados enterrados, em local apontado pela filha da primeira vĂtima do trio.
JĂ©ssica Camila, em 2008 com 17 anos, era moradora de rua do Recife e tinha uma filha de um ano. Ela aceitou morar com os acusados apĂłs a promessa de um trabalho com salĂĄrio atrativo, como empregada domĂ©stica. Na Ă©poca, os acusados planejaram ficar com a criança depois de matar sua mĂŁe. ApĂłs a polĂcia descobrir os trĂȘs homicĂdios, foi trabalhada ainda a hipĂłtese de o trio ter feito outras vĂtimas em Pernambuco e na ParaĂba, o que nĂŁo se confirmou, de acordo com as investigaçÔes.