Mulher que contratou magia negra para crimes teria gasto R$ 1 milhão.
Rituais em Braço do Norte incluíam sacrifício de ovelha em cemitério.
Escutas telefônicas revelam o plano para matar uma família de Braço do Norte, no Sul de Santa Catarina. A reportagem do Estúdio Santa Catarina deste domingo (14) mostrou duas mulheres planejando a morte de um empresário, esposa e do filho deles, um bebê de seis meses. A mandante já teria gasto pelo menos R$ 1 milhão com magia negra. Uma operação da polícia prendeu na semana passada oito suspeitos.
As investigações, incluindo escutas telefônicas, tiveram início em novembro, após uma série de atentados à casa do empresário no mês de outubro. O plano incluía rituais de magia negra e sacrifício de animais. As gravações mostram a frieza dos envolvidos. “Gente, qual é a parte que vocês não entenderam? Só os três que é para ir pro além”, diz Sinara Martins Galego, guia espiritual de Ivete Viana Volpato, ex-mulher do empresário. As duas se conheceram há dois anos, quando Ivete se separou do marido, depois de 34 anos de casamento. Ela não aceitava o divórcio e procurou Sinara para tentar, com rituais de magia negra, reatar o relacionamento.
“Todos os serviços espirituais contratados eram sempre no intuito de trazer o marido de volta, e somente trazer o marido de volta”, diz Artur Mello, advogado de Ivete. Segundo a polícia, os rituais de magia negra eram realizados em cemitério na localidade de Açucena, em Braço do Norte. A equipe do Estúdio SC esteve no local e encontrou sobras de velas e de flores utilizadas nos rituais. Foi esta a maneira escolhida pela ex-mulher para assustar e intimidar a família do antigo marido. Em um dos rituais uma ovelha foi morta. A cabeça do animal foi deixada na rua onde o empresário mora.
Uma ovelha foi usada e teve a cabeça tirada do
corpo no ritual (Foto: Reprodução/RBS TV)
Conforme a polícia, os “trabalhos” não deram certo e as duas mudaram de estratégia. “Depois passaram para uma situação mais violenta, que consistia na busca de cinco homicídios: o ex-marido, a atual esposa dele, o filho desse casal, e também do ex-cunhado da mandante e da ex-concunhada”, explica Ulisses Gabriel, delegado responsável pelo caso.
Atentados
Foram pelo menos três atentados contra a família do empresário. A sequência de atentados se intensificou em outubro deste ano. Em um mesmo dia, a porta da residência da casa da vítima foi incendiada e uma macumba com um carneiro degolado, sangue em um copo com uma boneca velas e garrafas de bebida foram encontrados no cemitério de Açucena, em Braço do Norte. No mesmo mês, foram feitos disparos na altura da janela da residência da vítima, quando todos estavam no local, e no carro do empresário.
Por telefone, Ivete e Sinara combinaram um novo acerto para que as mortes acontecessem em uma festa da cidade. ”Nós estamos tão desesperados pra terminar isso de uma vez, que você nem imagina”, disse Sinara para Ivete, que respondeu “mas eles vão quarta-feira a noite, eles vão”.
Mulheres planejavam morte de família
(Foto: Reprodução/RBS TV)
R$ 1 milhão pelos rituais de magia negra
De acordo com a polícia, Ivete pagaria R$ 300 mil para que os criminosos matassem a família e chegou a prometer mais dinheiro. “Essa semana, se vocês fizessem os quatro, no caso, né, eu iria agradecer com bastante dinheiro. Nem que eu fizesse outro empréstimo”, afirmou a ex-mulher por telefone.
A polícia estava monitorando as ligações e impediu que a família fosse à festa. Com base nas escutas, autorizadas pela Justiça, a polícia prendeu Sinara, Ivete e outras seis pessoas suspeitas de participar dos atentados e de planejar as mortes. Entre elas, os dois filhos de Sinara e um pai de santo do Rio Grande do Sul.
“A ex-mulher e mandante teria gasto aproximadamente R$ 1 milhão com esses serviços de magia negra, incialmente para tentar reatar o casamento e agora, nesse último momento, com intuito de levar acabo a vida dos ex-familiares”, diz o delegado. Parte desse dinheiro veio de uma fortuna que ficou para Ivete no divórcio.
No dia 6 de dezembro, Ivete foi presa em Florianópolis enquanto entregava cerca de R$ 5 mil a um dos suspeitos de integrar a quadrilha. Outras seis pessoas também tiveram a prisão preventiva decretada no mesmo dia. Três dias depois, na terça-feira (9), a oitava suspeita de participar dos crimes se entregou.
Segundo o advogado da suspeita, ela não teve participação nos crimes. “A dona Ivete não tem relacionamento com nenhuma pessoa desse grupo que foi preso e somente com a dona Sinara.
Tanto que ela não realizava esses trabalhos, não participava e não conhecia, apenas pagava. Em nenhum momento se requereu a morte, se requereu ferir alguém, ou machucar alguém”, defende o advogado. Em uma gravação, Ivete diz que queria a cabeça da atual esposa do ex-marido. “Quer a cabeça dela?”, questiona Sinara. “Quero”, responde Ivete rindo.
O advogado de defesa de Sinara e dos outros envolvidos negou a participação deles no crime. Disse que o contato entre eles era apenas para trabalhos espirituais e que ninguém tem relação com os atentados contra a casa do empresário.
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