Yem
Chrin, que visitava a casa dos moradores por quase duas décadas, em uma
remota aldeia de plantadores de arroz em Roka, foi preso depois que a
polícia afirmou que ele utilizava agulhas e seringas.
Entre os infectados estão 16 membros de uma mesma família, juntamente com uma senhora de 82 anos de um templo budista.
Dr. Chrin, que foi treinado juntamente com uma enfermeira em um campo
de refugiados após a queda do regime do Khmer Vermelho (que matou mais
de 2 milhões de pessoas), também fazia atendimentos na cidade vizinha
de Battambang.
Ele foi acusado de homicídio qualificado, por espalhar intencionalmente o HIV e é acusado de praticar a medicina sem licença.
A
tragédia em Roka, uma aldeia remota, veio à tona em agosto do ano
passado, quando uma mulher grávida mostrou estar com HIV durante um
teste de rotina.
Os médicos foram incapazes de explicar a infecção, mas depois de uma
outra gestante, algumas semanas mais tarde, também testar e dar
positivo, centros médicos foram inundados com moradores pedindo para
fazer o teste.
Na época o primeiro-ministro do país se recusou a aceitar os resultados
como verdadeiros, dizendo que ele tinha “100% de certeza” que não
tinham HIV. Mas, ele estava tragicamente errado. Os resultados
mostraram-se positivos em todos os testes realizados. “Os centros de saúde estavam cheios de pessoas chorando e se abraçando”, relata o New York Times.
Uma das vítimas, Chem Mao, de 55 anos, tentou o suicídio ao chegar em
casa, mas seus netos que brincavam em sua casa impediram de cometer o
ato de desespero.
Apesar
da “chuva de infecções” provocadas pelo médico imprudente, muitos
moradores da aldeia defendem que ele sempre foi um homem filantrópico,
sempre disposto a ajudar as pessoas em vários momentos de necessidade.
Chhay Yao, 76 anos, pai de uma família onde 16 pessoas foram contaminadas, declarou: “Honestamente
eu não acho que o médico causou isso. Ele era tão limpo. E ele não é
uma pessoa má. Se tivéssemos dinheiro dávamos para ele, mas se não
tivéssemos, poderíamos pagar depois”.
De acordo com a filha do médico, Chrin Reaksa, ele se mudou para a
região depois de ter vivido muito tempo em campos de refugiados, e os
moradores começaram a vir e pedir sua ajuda.
Depois
de um tempo, ele estabeleceu uma prática de lidar com o número de
pacientes. Os moradores disseram que ele estava sempre disposto a
ajudar, oferecendo tratamento gratuito se eles não podiam pagar.
A filha ainda comentou que as autoridades sempre souberam que ele
ajudava a comunidade e nunca pediram nenhuma licença para que ele
trabalhasse.
A Organização Mundial de Saúde afirma que as condições de saúde na
parte rural do Camboja são extremamente inadequadas. As taxas de
infecção por HIV no país são 1/3 menores do que na Tailândia, por
exemplo, e os casos de infecção em massa são extremamente raros.
O governo do país ainda fornece medicamentos antirretrovirais gratuitos para a população que sofre com os sintomas da AIDS.
FONTE : JC
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