Esta é a hora de calar, afirma ex-diretor da Petrobrás à CPI

© Foto: Gabriela Korossy/Câmara dos Deputados Renato Duque comparece à sessão da comissão que investiga a estatal, mas decide ficar em silêncio.

O ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque decidiu ficar em silêncio diante dos deputados da CPI da Petrobrás, na sessão desta quinta-feira, 19. Preso na décima fase da Operação Lava Jato, Duque teve o depoimento autorizado pela Justiça Federal, mas o ex-diretor afirmou que se valeria do direito constitucional de não falar. A sessão ainda está em andamento.

"Existe uma hora de falar e outra de calar. Ao meu ver, essa é a hora de calar", afirmou Duque. O ex-diretor está preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR) e chegou a Brasília nesta manhã. Duque disse que todas as dúvidas serão esclarecidas em momento oportuno. "Estou sendo acusado, me encontro preso, por esse motivo estou exercendo o meu direito constitucional ao silêncio", completou.

Apesar da afirmativa, os deputados pediram para fazerem as perguntas a Duque. "Permanecerei calado", respondeu o ex-diretor aos primeiros questionamentos.

Duque está preso desde a semana passada, condição que impediria sua ida à comissão. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no entanto, decidiu suspender ato da Mesa Diretora que barrava a ida de presos à Casa para garantir a presença do ex-diretor.

Para os investigadores da Lava Jato, Duque é o elo do PT com o esquema de desvios na petroleira. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), teriam sido captados na gestão de Duque cerca de R$ 650 milhões em propinas sobre contratos fechados de 2004 a 2012 com as seis empreiteiras que teriam integrado cartel para assumir negócios bilionários na estatal. Ele nega ter envolvimento com esquema.

Duque chegou a ser preso em novembro do ano passado, mas foi solto por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com a PF, Duque foi flagrado tentando ocultar patrimônio não declarado mantido na Suíça e por essa razão foi feito novo pedido de prisão. Uma das operações envolveu a transferência de 20 milhões de euros para uma conta no Principado de Mônaco. A Polícia Federal já afirmava que, mesmo após deflagrada a Lava Jato, em março do ano passado, o ex-diretor transferiu dinheiro da Suíça para Estados Unidos e Hong Kong. A defesa do ex-diretor negou a existência de movimentações financeiras. / Bernardo Caram, Daiene Cardoso, Daniel Carvalho, Raquel Brandão e Lilian Venturini

Fonte: Estadão

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