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As diferenças começaram nos muros. Antes inteiros pichados, agora dĂŁo espaço ao branco, ao azul e sĂł. E nĂŁo foram sĂł as paredes que mudaram na Escola Estadual Professor Waldocke Fricke de Lyra, em Manaus. Depois que passou para as mĂŁos da PolĂcia Militar, virou 3Âș ColĂ©gio Militar da PM Waldocke Fricke de Lyra e, junto disso, viu sua rotina mudar drasticamente. O desempenho dos alunos tambĂ©m mudou — e para melhor.
SĂŁo 2 mil alunos dos ensinos fundamental e mĂ©dio que passaram para as mĂŁos da PM local em 2012, a pedido do governo estadual. O colĂ©gio fica em uma das regiĂ”es mais violentas de Manaus e registrava furtos, banheiros quebrados, brigas no pĂĄtio e trĂąnsito livre de armas brancas. Os policiais mudaram isso com rotina rĂgida e uma gestĂŁo linha dura.
Para entrar, farda e horĂĄrio rĂgido. para sair, sĂł apĂłs a realização de todas as tarefas. Celular? A ordem Ă© que ele fique sem bateria atĂ© a saĂda do colĂ©gio. Tudo isso sob a batuta do coronel aposentado Rudnei Caldas, que afirma ter encontrado resistĂȘncia dos professores no inĂcio da implantação do novo sistema. Mesmo assim, ele nĂŁo desistiu e manteve o que julgava melhor para a escola. TrĂȘs anos depois, os alunos jĂĄ estĂŁo completamente dentro da rotina extremamente rĂgida.
Quando passam, por exemplo, pelos policiais armados que atuam como inspetores, endireitam a coluna e batem continĂȘncia. Dentro das salas de aulas, gritos de guerra sĂŁo ouvidos antes das jornadas e distintivos de patentes sĂŁo distribuĂdos para os donos das melhores notas. Uma indisciplina atĂ© Ă© aceita, mas se reiterada, leva Ă expulsĂŁo. Em 2015, atĂ© maio, foram cinco alunos expulsos, mĂ©dia de um por mĂȘs — todos por nĂŁo se adequarem Ă polĂtica do colĂ©gio. Os professores antigos, resistentes ao novo sistema, foram quase todos mandados embora e substituĂdos.
E as mudanças nĂŁo sĂŁo visĂveis apenas na estrutura fĂsica do colĂ©gio e nas normas extremamente rĂgidas. De 2011 para 2013, a escola deu um salto no Ideb. O ensino fundamental passou de mĂ©dia 3,3 para 6,1. No ensino mĂ©dio o salto foi de 3,1 para 5,8. Os novos coordenadores do colĂ©gio ainda se orgulham em afirmar que o Ăndice de reprovação, de 15,2% em 2012, foi zerado em 2014. Alguns alunos ainda apareceram, de maneira inĂ©dita, entre os primeiros colocados nas OlimpĂadas de MatemĂĄtica das Escolas PĂșblicas.
Quem tambĂ©m se adaptou Ă s regras novas foram os professores. Uma das poucas remanescentes da administração antiga, Maria do RosĂĄrio de Almeida Braga, de 54 anos, afirmou ao jornal O Globo que nĂŁo sĂł os alunos tĂȘm exigĂȘncias vindas da diretoria: os professores tambĂ©m. E, por isso, acredita ela, a imagem da escola e, principalmente, os desempenhos dos alunos, mudaram tanto nos Ășltimos anos, tornando a escola modelo para o estado.
Fonte: O Globo
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