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A
emboscada que terminou com a morte do narcotraficante Jorge Rafaat e
mais oito feridos na região de fronteira do Brasil, em Mato Grosso do
Sul, na noite de quarta-feira (15), foi registrada por câmeras de
segurança de uma farmácia de Pedro Juan Caballero, no Paraguai.
O vídeo mostra o momento em que uma
caminhonete SW4 Toyota Hilux para no semáforo vermelho da rua Tenente
Herrero. No veículo estava a metralhadora ponto 50, colocada no lugar
dos bancos traseiros, que foram retirados. Outra caminhonete se
aproxima logo atrás do primeiro carro. Em seguida, o carro preto que
era conduzido por Rafaat aparece no canto direito do vídeo, ao lado do
carro preparado com a metralhadora. Atrás dele, outra caminhonete se
aproxima com seguranças de Rafaat, assim como a terceira caminhonete
que aparece segundos depois.
Nas imagens, o semáforo abre, o carro
com a metralhadora segue na mesma rua e fica na frente do carro do
narcotraficante. Em seguida, ele atira. A arma estava apontada para a
frente do carro da vítima e o para-brisa blindado não resistiu aos
tiros da metralhadora antiaérea. O jipe preto freia e as caminhonetes
que faziam a escolta também param logo atrás. Os seguranças começam a
trocar tiros. Eles descem das caminhonetes e atiram na direção da SW4
que transportava a metralhadora ponto 50.
Os
homens que escoltavam Rafaat recuam e correm na direção contrária. No
vídeo, três deles entram na farmácia para buscar abrigo, segundo disse
uma testemunha ao G1. Eles voltam para o cruzamento e depois somem do
alcance das câmeras de segurança. Enquanto isso, a caminhonete com a
metralhadora segue pela rua. O carro de Rafaat, mesmo atingido por
vários tiros, anda por alguns metros até parar.
Testemunhas disseram ao G1 que o
tiroteio foi intenso por cerca de 30 minutos e que a polícia nacional
paraguaia chegou ao local cerca de 15 minutos depois. Os policiais
também trocaram tiros. O atentado ao narcotraficante aconteceu a uma
quadra da sede da Polícia Nacional do Paraguai, que fica a menos de um
quilômetro do território brasileiro.
Os tiros atingiram lojas do comércio e a
fiação de telefonia. O serviço ficou comprometido e foi restabelecido
depois nesta manhã, depois de reparos.
A polícia paraguaia inteditou ruas
próximo ao local do atentado e fez buscas no escritório de uma
imobiliária. Não há informações do que foi encontrado no endereço, mas
está ligado à investigação.
A metralhadora ponto 50 foi encontrada
ainda na caminhonete, abandonada em seguida, e foi apreendida pela
polícia. O armamento é típico de guerra e tem poder de derrubar aviões.
Outros cinco fuzis foram apreendidos, quatro deles logo depois da
emboscada, além de carregadores, radiocomunicadores, toucas ninjas e
munições.
Enterro
O corpo do narcotraficante Jorge Rafaat foi enterrado em Ponta Porã no começo da tarde desta quinta-feira. O velório aconteceu durante a manhã em território brasileiro e teve reforço policial em decorrência ao risco de atentado, segundo informações das polícias Militar brasileira e Nacional paraguaia.
O corpo do narcotraficante Jorge Rafaat foi enterrado em Ponta Porã no começo da tarde desta quinta-feira. O velório aconteceu durante a manhã em território brasileiro e teve reforço policial em decorrência ao risco de atentado, segundo informações das polícias Militar brasileira e Nacional paraguaia.
Oito pessoas foram presas depois da execução de Rafaat, de acordo com a Polícia Nacional do Paraguai.
Um deles é um brasileiro suspeito de manusear a metralhadora ponto 50
que estava em uma caminhonete adaptada. Os outros sete presos são
apontados como seguranças pessoais do narcotraficante e ficaram feridos
durante a emboscada. Eles estão internados e não há informações sobre o
estado de saúde. O suspeito precisou ser transferido para outro
hospital na capital paraguaia.
Rafaat foi condenado pela Justiça brasileira por tráfico internacional de drogas em 2014, mas vivia no Paraguai como um empresário de sucesso. Ele era conhecido como o "rei da fronteira". A polícia apreendeu muitas armas e munição, deteve sete suspeitos e acredita que o motivo de crime tenha sido uma disputa pelo controle do tráfico de drogas na região.
O processo que levou à condenação de Rafaat foi presidido pelo juiz federal Odilon de Oliveira. "A população da fronteira, dos dois lados, tem que conviver com essa insegurança. Na fronteira, todo dia, morre gente assassinada, isso é histórico, já faz parte do cotidiano daquela gente", disse o magistrado.
Tensão
Moradores da região de fronteira ficaram assustados com o atentado. Uma testemunha paraguaia disse que parecia "filme de terror". Ela passava pelo local quando viu o carro com a metralhadora atirar contra o carro de Rafaat. "Tive medo de morrer porque os tiros não paravam. Eu só rezava", fala a jovem.
A jovem afirma que execuções são comuns no município, mas, normalmente, são vítimas pessoas suspeitas de envolvimento em crimes.
"A fronteira tem fama de ser perigosa, mas, nunca aconteceu isso assim porque sempre passam e matam quem querem matar e pronto", diz a paraguaia, que afirma ter ficado com medo depois do episódio de quarta-feira.
Por medo, algumas escolas em Ponta Porã, cidade brasileira vizinha a Pedro Juan, suspenderam provas programadas para esta quinta-feira e muitos alunos paraguaios faltaram às aulas.
Incêndio
A loja do traficante Jorge Rafaat amanheceu esta quinta-feira queimada. O comércio de pneus fica na avenida que divide Brasil e Paraguai, a cerca de 20 metros de Ponta Porã, município que fica a a 326 quilômetros de Campo Grande.
Nenhum suspeito do atentado à loja foi identificado. O comércio paraguaio abriu normalmente nesta quinta-feira.
'Alerta muito grave'
O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirmou, nesta quinta-feira, que o assassinato de Jorge Rafaat representa um risco real de aumento da criminalidade no país.
O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirmou, nesta quinta-feira, que o assassinato de Jorge Rafaat representa um risco real de aumento da criminalidade no país.
De acordo com ele, o assassinato de Rafaat teria sido orquestrado por uma facção criminosa de São Paulo, mas os reflexos seriam sentidos também no Rio, já que a quadrilha se tornaria importante distribuidora de drogas e armas para criminosos cariocas.
Fonte: G1
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