Mulher de 35 anos conta que ficou três dias acorrentada com o filho, de 17 anos, em Itapetininga. Uma clínica de Bady Bassitt aceitou internar o adolescente nesta sexta-feira (7).
Foi para tentar frear o filho de 17 anos a usar crack e conseguir um tratamento em uma clínica de reabilitação que uma mulher de 35 anos decidiu ficar acorrentada com o adolescente por três dias, em Itapetininga (SP). Em entrevista ao G1, a dona de casa afirmou que encontrou em uma corrente de seis metros a alternativa para salvar o garoto e tentar a internação.
Após receber fotos tiradas pela
mulher, uma clínica de Bady Bassitt , região de São José do Rio Preto
(SP), decidiu internar o adolescente. O tratamento será de graça e, para
ela, a internação foi uma medida de emergência.
“Eu fiz de tudo e nada funcionou. Procurei a polícia, procurei o Caps,
mas ele não melhorou. Não adiantou. Foi então que, depois de saber que
ele estava sendo ameaçado por vizinhos por furtar objetos para comprar
droga que resolvi acorrentá-lo e não deixá-lo sair. Melhor acorrentar do
que ver ele morto. Eu faria de novo se fosse preciso”, afirma.
A dona de casa conta que morava com o adolescente e outros quatro
filhos em Itapetininga, quando há três meses o marido conseguiu um
emprego no interior de Mato Grosso do Sul e eles foram morar lá. O
garoto chegou a ir junto, mas, segundo a mãe, por apresentar problemas
com drogas e bebidas, voltou a morar com a avó em Itapetininga. Contudo,
de acordo com ela, ele teria passado a furtar vizinhos e até a própria
avó para comprar crack.
“O uso das drogas começou aos 11 anos. Ele começou com maconha até que
chegou no crack. Sempre deu trabalho. Chegou a tirar a janela e estava
marcado para tirar a instalação do poste para usar a droga.
O ano
passado eu arrumei internação. Ele ficou nove meses internado. Depois
que saiu, ele caiu. Eu levei ele para o Mato Grosso do Sul e lá começou a
dar trabalho. Ele bebia e não adiantava ficar lá. Ai resolvemos trazer
para Itapetininga. E foi pior ainda”, afirma.
Na casa da avó, que fica na periferia da cidade, não tem mais
televisão, rádio e nem fio porque o adolescente vendeu os eletrônicos
para comprar droga. Na cozinha sobraram alguns potes, mas nem colher tem
mais.
“Vim para Itapetininga com o propósito de acorrenta-lo. Tinha que
encontrar uma solução. Não achei jeito. Entrei, passei a corrente e
falei que ia chamar a polícia se ele não colocasse a corrente. No começo
ele ficou bem, mas depois ele ficou bem nervoso. Eu não deixava sair na
rua e a hora que estava comigo ninguém fazia nada. Falavam para colocar
ele no poste, mas não tenho coragem.
Como a corrente é grande, quando
ia ao banheiro, ele esperava do lado de fora. E assim ficamos por três
dias. 24 horas”, afirma.
Ainda segundo a mulher, ela registrou ela e o filho acorrentado para
enviar as fotos ao marido e tentar tratamento em uma clínica. Foi então
que uma clínica da região de São José do Rio Preto resolveu internar o
adolescente. O tratamento será gratuito e família terá apenas o gasto em
relação ao transporte do adolescente até o local e entrada da
internação.
“Eu tinha fé que ia conseguir. Eu falei para meu esposo que ia voltar
só quando alguma coisa fosse feita. Ele concordou e me ajudou. Foi
triste vê-lo indo para a clínica. Ele estava bravo comigo, mas eu espero
que volte recuperado. Eu vou até o fim para lutar pelo meu filho,
porque é triste demais ver ele desse jeito. Ele vai ser curado, tenho
fé. Um dia ele vai parar”, afirma.
0 Comentários
Deixe seu comentário...