O preço do gás de cozinha já subiu 68% desde junho, quando a Petrobras criou uma regra de correção automática do valor do produto, aplicada no dia 5 de cada mês. Desconfortável com o impacto desta magnitude no preço de um produto que ninguém pode abrir mão de consumir, do mais pobre ao mais rico, a Petrobras está decidida a rever sua própria política.
Ainda não se definiu a nova fórmula, mas já foram fixados alguns parâmetros. Por exemplo, a correção do preço não deverá mais ser mensal. Com isso, evita-se a incorporação de aumentos de preços do gás no mercado internacional, sujeitos a grandes variações no curto prazo.
Em junho, a Petrobras anunciou que, a partir do dia 5 daquele mês, o preço do gás nas refinarias da empresa seguiria uma regra fixa.
Seria determinado pela cotação do gás butano e propano no mercado europeu, convertido pela média diária das cotações de venda do dólar pelo Banco Central, acrescida uma margem de 5%.
E seria reajustado, pelo menos, uma vez por mês, a cada dia 5. A partir daí, os reajustes passaram a ser uma decisão meramente administrativa, de aplicação da fórmula, sem avaliar outras implicações.
A regra demonstrou ser um castigo para o consumidor. No início de agosto, o furacão Harvey, no Golfo do México, provocou a paralisação temporária, por razões de segurança, de quase metade do parque de refino dos Estados Unidos, localizado nos estados do Texas e da Louisiana.
O furacão paralisou, inclusive, uma refinaria bem conhecida dos brasileiros: a de Pasadena, que refina 100 mil barris por dia e ganhou as manchetes no escândalo do petrolão.
A paralisação das refinarias levou a uma redução dos estoques nos Estados Unidos, pressionando os preços dos combustíveis no mercado internacional. Enquanto o preço do petróleo bruto caía, porque diminuía o refino naquele momento, as cotações da gasolina e de outros derivados subia.
Para complicar ainda mais, a chegada do inverno no hemisfério norte, que eleva o consumo, pressionou ainda mais os preços.
Não está claro ainda se a nova regra em estudo vai implicar, em algum momento, na reversão dos aumentos já praticados. Mas, provavelmente, seus efeitos serão diluídos ao longo do tempo.
Também não se pensa em voltar à política anterior, que mantinha congelado por longos períodos o preço do gás. De janeiro de 2003 a agosto de 2015, o preço do gás de cozinha nas refinarias da Petrobras ficou congelado. Nem por isso o preço deixou de subir para o consumidor: 56,8% naquele período.
Está demonstrado que o preço para o consumidor sobe mesmo quando não há aumento nas refinarias da Petrobras. E desconfia-se que o preço para o consumidor pode não cair, mesmo que a Petrobras decida reduzir o valor de venda aos distribuidores.
Fonte: G1
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