Um dos presos na operação nesta tarde escondeu o rosto com casaco na frente da corregedoria (Foto: Fernando Antunes) |
Operação desencadeada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e Corregedoria da Polícia Militar prendeu 20 suspeitos de facilitar o contrabando de cigarro no Estado. Batizada como Oiketicus (nome científico do insento apelidado de bicho-cigarreiro), a ação ocorreu nesta quarta-feira em 16 cidades de Mato Grosso do Sul e envolveu 125 policiais militares, além de nove promotores.
Segundo divulgou o Ministério Público do Estado, apenas um dos 20 mandados de prisão preventiva não foi cumprido. Nenhum dos presos teve o nome divulgado, porém o Campo Grande News apurou que um deles é o policial militar Alisson Almeida, que em março deste ano se envolveu em confusão com policiais rodoviários federais em Dourados – a 233 quilômetros de Campo Grande.
Segundo o Gaeco, um mandado de prisão temporária e 45 mandados de busca e apreensão foram cumpridos na ação. Dentre os policiais militares presos, estão praças e oficiais. Segundo MPE, eles atuam na facilitação do contrabando de cigarros.
Preso em operação sendo escoltado por agente do Gaeco na frente da Corregedoria da PM (Foto: Fernando Antunes) |
Após os depoimentos e exame de corpo de delito, todos serão encaminhados ao presídio militar de Campo Grande.
“Oiketicus” faz alusão às lagartas desta espécie que constroem uma estrutura com seda e fragmentos vegetais, com o formato semelhante a um “cigarro” alongado, e serve para a sua proteção. Popularmente, elas são chamadas de bicho-cigarreiro.
Sequestro e propina – Episódio descoberto no dia 1º de dezembro do ano passado, envolvendo a cobrança de R$ 150 mil para liberar carga de cigarro contrabandeado avaliada em R$ 1 milhão, colocou sete militares do 10º Batalhão da PM de Campo Grande na mira da Corregedoria, que também está à frente da operação de hoje. O Campo Grande News foi o primeiro a divulgar o ocorrido.
Preso sendo levado para presídio militar por policiais do Batalhão de Choque (Foto: Fernando Antunes) |
Em 22 de dezembro, o juiz da Auditoria Militar, Alexandre Antunes, recebeu a denúncia do Ministério Público contra o terceiro sargento Alex Duarte de Aguir, de 38 anos, os cabos Rafael Marques da Costa, de 28 anos, Eduardo Torres de Arruda, 37 anos, João Nilson Cavanha Vilalba, 40 anos, Felipe Fernandes Alves, 31 anos, e os soldados Lucas da Silva Moraes, 28 anos, e Walgnei Pereira Garcia, de 34 anos.
Baseada na investigação da Corregedoria, feita com apoio do Gaeco, ainda segundo apurou o Campo Grande News, a denúncia da promotora Renata Ruth Fernandes Goya Marinho indica que os policiais usaram uma viatura da corporação para sequestrar o motorista de um caminhão-baú carregado de cigarros vindo do Paraguai, por volta das 9h do dia 1º de dezembro.
O motorista ficou em poder dos policiais até 19h40 daquele dia quando foi armado um flagrante, com a colaboração de um homem chamado Fábio Garcete, que já foi preso por contrabando de cigarros e denunciou a cobrança para liberar a carga.
Movimentação de policiais militares do Batalhão de Choque em frente a corregedoria da PM nesta tarde (Foto: Marina Pacheco) |
Em abril deste ano, a Operação Homônimo, da PF (Polícia Federal) de Sorocaba e com mandados em Mato Grosso do Sul, prendeu Ednaldo Sebastião da Silva, apontado como um dos chefes de quadrilha de cigarreiros que atuam no Estado e em outras localidades.
Negócio milionário – Segundo a Receita Federal, o contrabando de cigarros corresponde a cerca de 75% de todo o valor apreendido ano passado no Estado.
Nas unidades da Receita Federal que atuam na fronteira de MS com o Paraguai, o volume apreendido vale cerca de R$ 367 milhões. Segundo o delegado Marcelo Rodrigues, auditor fiscal em Ponta Porã , o montante ainda está subestimado devido a problemas internos do órgão que dificultaram o registro das operações. O valor pode ultrapassar R$ 400 milhões.
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