No total, foram efetuadas 52 prisões no âmbito de operações - Foto: Divulgação |
Mais de 50 policiais das forças estaduais e federais que atuam em Mato Grosso do Sul foram presos, somente neste ano, por envolvimento com o contrabando de cigarros e com o tráfico de drogas. São 52 prisões ocorridas no âmbito de operações ou mesmo de forma isolada, por ligações com o crime organizado pelo recebimento de propinas para a facilitação de passagem de ilícitos por rodovias e estradas vicinais a partir das regiões de fronteira, especialmente com o Paraguai.
Apenas durante a Operação Nepsis, realizada no fim de semana pela Polícia Federal, 12 policiais foram presos, sendo quatro militares, dois civis e seis rodoviários federais.
No dia 18 deste mês, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público Estadual, executou a Operação Narco 060, destinada a investigar organização criminosa, tráfico de drogas, associação ao tráfico e corrupção ativa.
Foram cumpridos 25 mandados de prisão preventiva e 26 mandados de busca e apreensão em Campo Grande, Jardim, Bela Vista e Goiânia (GO). A investigação possibilitou a identificação de dois núcleos criminosos distintos: um estabelecido em Bela Vista e outro em Jardim. Ambos contavam com o auxílio de três policiais militares e um investigador da Polícia Civil, cuja participação era considerada indispensável ao êxito das atividades criminosas.
ALTAS PROPINAS
Em um dos esquemas de favorecimento desmontado pelo Gaeco, constatou-se que militares recebiam, por mês, de R$ 50 mil a R$ 100 mil para darem proteção à passagem de contrabando de cigarros, permitindo que os caminhões com mercadoria proveniente do Paraguai transitassem por municípios como Bela Vista, Caracol, Jardim, Guia Lopes da Laguna e Bonito, sem qualquer espécie de fiscalização.
Neste ano já aconteceram no Estado, além da Narco 060 e Nepsis, duas outras operações que apontaram para ligações de policiais com o contrabando. A Laços de Família, deflagrada pela Polícia Federal em Naviraí e com 21 pessoas presas, colocou à mostra esquema chefiado por um subtenente da PM lotado em Mundo Novo.
A quadrilha tinha pessoas que atuavam, além de Mato Grosso do Sul, no Paraná, Goiás e São Paulo. O grupo "puxava" droga do Paraguai por vias terrestres, escondia em propriedades rurais da região Conesul e depois distribuía para todo o País.
Em maio, durante a Operação Oiketicus, as investigações do Gaeco desmontaram organização criminosa integrada por policiais militares que atuavam na facilitação do contrabando de cigarros. Somente nessa ofensiva foram presos 22 policiais militares, entre praças e oficiais - dois tenentes-coronéis, comandantes de unidades da PM interior do Estado.
Na Operação Nepsis, do último sábado, a Federal agiu em Mato Grosso do Sul e mais quatro estados, desarticulando quadrilha especializada no contrabando de cigarros. A organização investigada formou consórcio de grandes contrabandistas, com a criação de uma sofisticada rede de escoamento de cigarros paraguaios pela fronteira do Mato Grosso do Sul, a qual se estruturava em dois pilares: sistema logístico de características empresariais, com a participação de centenas de pessoas exercendo funções de "gerentes", batedores, olheiros e motoristas e, ainda, a corrupção de policiais para participação na estrutura criminosa. Estima-se que, em 2017, os envolvidos tenham sido responsáveis pelo encaminhamento de ao menos 1.200 carretas carregadas com cigarros contrabandeados às regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.
Conforme estimativas do governo federal, o comércio ilegal, tanto de cigarros quanto de eletrônicos, gera perdas anuais estimadas em R$ 130 bilhões para a economia nacional.
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