Evento na Base Aérea da Capital confirmou instalação de novos radares, que darão suporte ao sistema de segurança nas fronteiras. (Foto: Paulo Francis) |
Equipamentos terão capacidade de identificar aeronaves que voam a baixas altitudes, principal prática usada pelo narcotráfico na região de fronteira
Em solenidade realizada na Base Aérea de Campo Grande na tarde desta sexta-feira (30), o ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo da Presidência da República) confirmou a liberação de R$ 140 milhões para a aquisição e instalação de três radares fixos para identificação de aeronaves que voem a baixas altitudes. Os equipamentos são considerados vitais no combate ao narcotráfico e, conforme previsões da Aeronáutica, poderão entrar em operação até o fim de 2019.Os equipamentos serão instalados em Porto Murtinho, Ponta Porã e Corumbá, cobrindo a região de fronteira de Mato Grosso do Sul com Paraguai e Bolívia. “A liberação (dos recursos) é imediata, ainda em 2018. É só uma questão de o crédito chegar na FAB (Força Aérea Brasileira). Chegando, eles executam”, explicou Marun.
O coronel aviador Luiz Cláudio Macedo, chefe da Divisão de Operações do Comae (Comando de Operações Aéreas), mostrou-se cauteloso em relação a uma data para início das operações dos equipamentos. No entanto, admitiu que “talvez até o fim de 2019 esteja concluída a instalação”. Ele explicou que os novos equipamentos vão complementar a estrutura de rastreamento já existente no Estado, que inclui um radar de defesa aérea e quatro de controle de tráfego, capaz de identificar aeronaves em maiores altitudes.
“A caraterística das pessoas que usam aeronaves na prática de crimes é de voar sem o transponder ligado e de 200 a 500 metros acima da superfície. Os radares existentes não cobriam esses pontos cegos. Os novos radares detectam o avião sem o transponder”, destacou o coronel aviador. O modo de atuação é semelhante ao constatado durante a Operação Planum, que na quinta-feira (29) estourou uma quadrilha especializada no tráfico transnacional que se valia de aviões agrícolas para trazer cocaína da Bolívia –justamente porque as aeronaves voam em baixas altitudes, fora do alcance de radares.
Marun, durante anúncio, destacou que disponibilidade de recursos é imediata. (Foto: Paulo Francis) |
Integração – Os equipamentos já existentes têm um custo de manutenção anual entre R$ 48 milhões e R$ 50 milhões –os novos, fixos, tendem a ser mais econômicos, destacou o major brigadeiro João Tadeu Fiorentini, da Secretaria Nacional de Segurança Pública.
Identificadas aeronaves nesse tipo de atitude, serão adotados procedimentos de praxe alinhados à Lei do Abate: perseguição, alerta com ordem para pouso e, em caso de desobediência, autorização para a derrubada “se tiver autorização do comando da Força Aérea. O chefe do Comae destacou que, neste ano, uma aeronave foi alvejada no espaço aéreo sul-mato-grossense e duas receberam ordem de pouso. “Foram apreendidos mais de 1,7 mil quilos de pasta-base nessas operações”.
O sistema de monitoramento aéreo brasileiro tem como bases as cidades de Brasília (principal), Recife (PE), Manaus (AM) e Curitiba (PR), a qual Campo Grande está subordinada.
O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) destacou o caráter positivo do anúncio, uma vez que “só integrando todas as forças eu policiamento aéreo e na terra que vamos conseguir combater o crime organizado”.
“Sabemos que o grande serviço usado (pelo crime organizado) está nos voos de baixa altitude. Esses pontos cegos causam preocupação. Os radares vão propiciar um acompanhamento mais eficaz e melhorar o desempenho no combate aos ilícitos”, pontuou Reinaldo. Marun, por sua vez, reiterou que “em tempos de recursos escassos foi bom que o projeto tenha sido mantido”. Segundo o ministro, vários setores da administração federal passaram por cortes, que foram menos contundentes na Segurança Pública. “Este projeto foi o único que foi aprovado e liberado na íntegra”.
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