Foto Globocop |
Moradores de comunidades de duas cidades mineiras tiveram de deixar suas casas de madrugada desta sexta-feira (8) devido ao risco de barragens da Vale e da ArcelorMittal se romperem. Em Barão de Cocais, na Região Central de Minas Gerais, a Agência Nacional de Mineração determinou a retirada de cerca de 500 pessoas das comunidades de Socorro, Tabuleiro e Piteiras, todas por causa da Barragem Sul Superior da mina Gongo Soco, da Vale. Em Itatiaiuçu, Região Metropolitana de Belo Horizonte, 50 famílias tiveram de ir para hotel após alerta da Defesa Civil.
Em Barão de Cocais, os moradores saíram de casa por volta de 1h, após sirenes serem acionadas. De acordo com a mineradora Vale, a consultoria Walm negou a Declaração de Condição de Estabilidade da estrutura. A partir daí, a empresa começou a executar o nível 1 do Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração. Já a Prefeitura de Barão de Cocais disse que a Agência Nacional de Mineração ampliou para o nível 2, mais próximo da possibilidade de rompimento. A produção de minério de ferro da mina de Gongo Soco está paralisada desde abril de 2016, diz a Vale.
Em Itatiaiçu, cerca de 200 pessoas foram levadas para um hotel em Itaúna, na Região Centro-Oeste do estado, segundo a ArcelorMittal. A Polícia Militar informou que o pedido de apoio da retirada veio da Defesa Civil, que alertou para o risco de rompimento da barragem da Mina de Serra Azul. O povoado de Pinheiros fica a 1,5 quilômetro da barragem. De acordo com relatório da Agência Nacional de Mineração (ANM), com data-base de janeiro de 2019, a Barragem I da Mina de Serra Azul é classificada como classe B, que tem categoria de risco baixo, mas com dano potencial associado alto.
Segundo a Vale, foi executado o nível 1 do Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração — Foto: Globocop |
A Prefeitura de Barão de Cocais, por meio de nota oficial da Vale, comunica:
VALE INFORMA
Vale informa sobre barragem Sul Superior da mina Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG).
A Agência Nacional de Mineração (ANM) determinou a evacuação de área à jusante da barragem Sul Superior da mina Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG), depois de ser informada pela Vale que a empresa estaria dando início ao nível 1 do Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM).
A Vale ressalta que a decisão é preventiva e aconteceu após a empresa de consultoria Walm negar a Declaração de Condição de Estabilidade à estrutura.
A ação teve início na madrugada de hoje (8/2) e vai abranger cerca de 500 pessoas nas comunidades de Socorro, Tabuleiro e Piteiras, todas situadas na cidade de Barão de Cocais, distante 100 km de Belo Horizonte.
Como medida de segurança, a Vale está intensificando as inspeções da barragem Sul Superior. Também será implantado equipamento com capacidade de detectar movimentações milimétricas na estrutura.
A Vale está trazendo consultores internacionais para fazer nova avaliação da situação no próximo domingo (10/2).
A Barragem Superior Sul, de Barão de Cocais, está entre as dez que a Vale pretende eliminar. Ela foi construída pelo método de "alteamento a montante". Considerado ultrapassado e menos seguro do que outras alternativas existentes, ele é o mesmo usado na construção de barragens que se romperam em Mariana, em novembro de 2015, e em Brumadinho, em 25 de janeiro deste ano.
“Como medida de segurança, a Vale está intensificando as inspeções da barragem Sul Superior. Também será implantado equipamento com capacidade de detectar movimentações milimétricas na estrutura”, diz a nota da Vale. Uma nova avaliação da barragem será realizada neste domingo (10).
As barragens que serão desativadas ficam em complexos amplos de mineração da Vale, alguns deles em divisas de municípios, com operações em mais de uma cidade.
Moradores no ginásio
Em entrevista ao Bom Dia Minas, o secretário de Comunicação de Barão de Cocais, Mardem Chaves, disse que a retirada atinge os moradores de comunidades, que ficam cerca de 2km da barragem, que está desativada. Ele reafirmou que algumas pessoas ainda estão sendo levadas ao Ginásio Poliesportivo.
O secretário ainda reafirmou que os moradores foram retirados em ônibus da própria empresa. A operação conta com apoio da Polícia Militar e das defesas civis Municipal e Estadual. O plano de emergência foi protocolado na Defesa Civil Municipal e a região da retirada dos moradores está seguindo esse previsão.
Moradores de Barão de Cocais que foram retirados de suas casas após sirene foram levados para ginásio da cidade — Foto: Alex Araújo/G1 |
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