Marlon Christian Leite Dias, suspeito de ser o mandante do assassinato da própria mulher e dos filhos dela [Imagem: Arquivo pessoal] |
Em apenas 28 dias, um casamento terminou em tragédia em Itaguaí, na Baixada Fluminense, no Rio. A Polícia Civil concluiu um inquérito que aponta Marlon Christian Leite Dias como mandante do assassinato da própria mulher, Fabiane Azevedo Barbosa Dias, 36 anos, e dos filhos dela, Gabriel Barbosa Furtado, 11 anos, e Tainá Barbosa Santana, 8.
Foram sete meses da investigação, que também levou à cadeia Marcos Carlos André Vieira dos Santos, conhecido como Erê, suposto traficante e vizinho do casal à época do crime.
Os dois homens já estavam detidos temporariamente e tiveram a prisão preventiva decretada no dia 7 de maio pela 4ª Vara Criminal de Itaguaí. Eles vão responder por feminicídio, homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
Suposto traficante entregou marido da vítima
Fabiane e os filhos desapareceram da casa onde moravam, na rua Pedro Álvares Cabral, em Itaguaí, em outubro do ano passado. Eles teriam sido vistos pela última vez entrando em um furgão a mando de homens armados.
A Polícia Civil chegou a Marcos Carlos André Vieira dos Santos, o Erê, inicialmente o principal suspeito do triplo homicídio. Ele é apontado como integrante de uma quadrilha de tráfico de drogas, já teria sido visto com armas e havia desaparecido da região desde o sumiço da mãe e filhos.
Já Marlon Christian Leite Dias, o marido de Fabiane, sempre se mostrou solícito com a polícia e só passou a ser enxergado como um suspeito após a prisão de Erê.
Em depoimento, o vizinho contou que havia sido procurado pelo marido e padrasto das vítimas com a proposta do crime, motivado por "interesse passional e patrimonial", como constam nos autos.
Marlon também acabou detido e os dois foram colocados frente à frente, em uma acareação cheia de contradições, em que ambos negaram a autoria.
A Polícia Civil acredita que Marlon Leite Dias contratou Marcos André para cometer o crime e teria pago com os móveis e objetos da casa das vítimas. Os dois ainda não têm advogado de defesa constituído para o caso.
Familiares acreditam que ciúme pode ter motivado crime.
Marlon Christian Leite Dias com Fabiane Azevedo Barbosa Dias e as duas crianças [Imagem: Arquivo pessoal] |
Fabiane Barbosa Azevedo Dias mantinha um relacionamento com Marlon Christian Leite Dias há quatro anos, mas o casamento oficial só havia acontecido 28 dias antes das mortes. Os dois se conheceram quando ele era soldado do Exército, mas hoje vivia da instalação de câmeras de segurança.
Fabiane se mantinha com "bicos", segundo o ex-companheiro Thiago Pereira Santana, motorista e pai de Tainá, a filha caçula da vítima. Como a mulher não possuía grandes bens ou dinheiro, ele acredita que Marlon Christian Leite Dias cometeu o crime por ciúmes. Ainda destaca que nunca esperava que o homem fosse o autor das mortes.
Desde o desaparecimento, pelas redes sociais e entre amigos e familiares, Marlon atuava como o marido em luto. "Mais um mês se completa em que minha família está desaparecida. 4 meses sem saber onde eles estão, sem ter informações do que possa ter ocorrido ou do está acontecendo, uma dor incurável. você se senti um inútil (sic), por não poder fazer mas nada ", postou ele no dia 17 de fevereiro, em seu perfil de uma rede social.
Thiago conta que no dia do sumiço de Fabiane e das crianças recebeu um telefonema desesperado do suposto assassino. "Ele nos ligou era dez da noite chorando muito ao telefone, pedi até pra ele ter calma. Ele pediu para gente ir até lá no dia 18 porque não queria ir sozinho na casa. No outro dia, nós encontramos ele e sempre aquela choradeira", lembra.
O motorista via a filha quinzenalmente e sempre perguntava se ela era bem tratada. "Eu gosto do tio Marlon, ela sempre falava isso. Para mim, ele estava sendo nota 10 com a minha filha", contou Santana.
Um dos objetos que desapareceu junto com as vítimas foi um aparelho onde estavam as imagens de câmeras que Marlon Leite Dias mantinha na casa. Para o pai de Tainá, a segurança não era o objetivo, mas vigiar Fabiane, de quem o marido tinha muito ciúmes. Ele inclusive a proibia de ter um perfil nas redes sociais.
Os familiares hoje esperam que os corpos sejam encontrados, o próximo desafio da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense. "A gente quer poder dar um enterro, uma coisa digna pra eles, já que não os encontramos vivo, como era nossa esperança", lamenta.
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