Megaoperação prende 33 suspeitos de envolvimento em milícia da Zona Oeste do Rio

Um dos suspeitos na Cidade da Polícia Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

Polícia Civil e o Ministério Público do Rio fazem uma megaoperação, nesta quinta-feira, em vários bairros da Zona Oeste do Rio para prender milicianos que atuam em Rio das PedrasMuzema e localidades próximas, naquela região. Foram emitidos 45 mandados de prisão preventiva. Agentes foram em diversos bairros, como Jacarepaguá, Pechincha e Barra da Tijuca. Até 13h30, 33 pessoas tinham sido presas. Desse total, quatro foram no Piauí e um na Bahia. No Rio, entre os detidos, está o policial civil Jorge Luiz Camillo Alves, que de acordo com o MP, foi flagrado em uma "intensa sequência de diálogos" com Ronnie Lessa, acusado de executar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes junto com Élcio de Queiroz.
O MP diz que "vários trechos dos diálogos se refere a ele (Jorge Luiz) como o 'Amigo da 16', numa referência à delegacia (16ª DP, na Barra da Tijuca)", onde ele está lotado. Além de Jorge Luiz Camilo Alves, outros dois policiais civis e seis polciais militares seriam procurados por dar apoio ao bando paramilitar.
Camillo foi preso em casa. Os outros dois agentes também foram detidos e levados para a Corregedoria da Polícia Civil, no Centro do Rio.
— Foi instaurado um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) para a apuração do desvio funcional praticado pelo investigador. No final da apuração, ele e seus colegas poderão ser expulsos da Polícia Civil — disse o corregedor, delegado Glaudiston Galeano Lessa.
O MP chegou a esse policial civil graças à análise de um telefone celular apreendido na Operação Lume, durante a qual Lessa e Queiroz foram presos.
Os presos na operação seguiram para a Cidade da Polícia, no Jacarezinho, na Zona Norte da capital, e foram levados para a carceragem da Polinter. Um deles é o PM Francisco Valentim de Souza Júnior. O militar foi encontrado em casa, na Penha, na Zona Norte do Rio. Sua arma foi apreendida. Atualmente, ele trabalhava no Fórum da Barra da Tijuca.
A ação desta quinta foi batizada de Os Intocáveis II e é um desdobramento da operação Os Intocáveis, realizada em 22 de janeiro de 2019. Naquela ocasião, treze pessoas foram denunciadas por organização criminosa e apreendidos documentos e aparelhos eletrônicos. Esse material foi analisado e foram identificados novos suspeitos de participação na milícia.
Além do Rio, a Polícia Civil também está em busca de quatro suspeitos no Piauí e de outros dois na Bahia. Durante as buscas e apreensões nas casas dos denunciados, os policiais apreenderam R$ 13 mil, celulares, computadores e documentos que poderão ajudar nas próximas investigações e operações.
Por conta da quantidade de presos, três delegacias tiveram que lavrar os autos de apreensão: Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), Defraudações (DDEF) e do Consumidor (Decon).

Participação de policiais

Os policiais alvos da operação são lotados na 16ª DP (Barra da Tijuca), no 18º BPM (Jacarepaguá) e no 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes). Independentemente do pedido de prisão preventiva, foi pedida a medida cautelar de suspensão do porte de arma de fogo e do exercício da função dos agentes.
Segundo as investigações, desde 5 de junho de 2014, os denunciados, chefiados por Dalmir Pereira Barbosa, Paulo Eduardo da Silva Azevedo e Epaminondas Queiroz de Medeiros Júnior, o Capitão Queiroz, praticam vários crimes. Entre os delitos, estão grilagem; construção, venda e locação ilegais de imóveis; posse e porte ilegal de arma de fogo; extorsão de dinheiro de moradores e comerciantes com a cobrança de taxas; ocultação de bens por meio de laranjas; pagamento de propina a agentes públicos; agiotagem; e utilização de ligações clandestinas de água e energia em imóveis construídos ilegalmente.
Um funcionário da Fundação Parques e Jardins também está entre os denunciados. Joailton de Oliveira Guimarães é acusado de ter pedido "ajuda financeira" para seguir com um procedimento administrativo de interesse de Murad Muhamad, também denunciado.
Na denúncia, o MP lista a conduta dos 45 denunciados, distribuídos em diferentes núcleos de atuação na quadrilha: liderança, auxiliares diretos da liderança, policial, segurança, financeiro, "laranjas" e imobiliário.
Procurada para comentar as acusações contra os PMs, a assessoria de imprensa da Polícia Militar disse que por ora não vai se pronunciar. Segundo a PM, a corporação está verificando alguns dados a respeito da operação.
Em nota, a prefeitura informou que "Joailton de Oliveira Guimarães é agente de vigilância e será afastado de suas na gerência da AP 4, na Barra da Tijuca. Será aberto inquérito administrativo para apurar as denúncias contra o servidor. A secretaria de Meio Ambiente informa que o servidor não tem função de análise de processos administrativos dentro do órgão."
FONTE: EXTRA

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