‘Estava com muita raiva, mas só em juízo falo o motivo’, diz mãe que matou e enterrou filha em MS

Local onde suspeita enterrou a própria filha em cidade de MS — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Polícia gravou vídeo em que suspeita, de maneira informal, confessa e dá detalhes sobre o crime. Delegado diz laudo na criança de 10 anos aponta violência sexual.


A suspeita de 29 anos, presa em flagrante há 3 dias por matar e enterrar a própria filha, de 10 anos, em Brasilândia, na região leste de Mato Grosso do Sul, disse que somente em juízo vai falar o motivo que a levou a cometer tamanha brutalidade, segundo a polícia. A investigação aponta que a criança estava denunciando abuso sexual por parte do padrasto, quando o crime ocorreu.

"Ela disse que falaria somente em juízo, mas, de maneira informal, nós gravamos um vídeo e ela narrou como levou a filha até o local, além de dar detalhes de como enforcou, asfixiou e a colocou no buraco. Questionada sobre o motivo, ela disse somente que "estava com muita raiva" e explicará, em juízo, a motivação. Em 20 anos de polícia, nunca vi alguém agir com essa maldade e frieza. Aliás, espero nunca ver de novo", afirmou ao G1 o delegado Thiago Passos, responsável pelas investigações.

Conforme a investigação, enquanto a mãe fazia tratamento para dependência química, a menina já esteve em um abrigo. Ao voltar para o convívio da mãe, ela passou a conviver com os irmãos e o padrasto. Ao todo, a suspeita possui quatro filhos, com idade entre 8 a 13 anos. O mais velho, inclusive, teria ajudado a mãe a cometer o delito, ainda conforme a polícia.

"O adolescente foi apreendido em flagrante e nós também pedimos a prisão preventiva do padrasto. Há indícios e materialidade de que, realmente, houve o abuso sexual por parte dele e também não descartamos o fato da possível participação dele na morte da menina. Temos depoimento de uma coleguinha da escola, na qual a vítima teria contado sobre os fatos, além de outros depoimentos e laudos importantes", explicou Passos.

Outra versão usada pela mãe, é que ela se "automedicava com calmantes". "Estamos em busca de mais algumas testemunhas e verificando também algumas denúncias anônimas sobre o crime", ressaltou.

A mulher foi autuada em flagrante por homicídio qualificado pelo motivo torpe, meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima, crime praticado para ocultar outro crime; ocultação de cadáver e corrupção de menor. Ela foi encaminhada para o Presídio Feminino de Três Lagoas. Ela já tinha passagens por tráfico de drogas e furto.

Entenda o caso

A mulher de 29 anos está presa desde a noite do último sábado (21), em Brasilândia. Segundo a Polícia Civil, a mãe contou que matou a menina de 10 anos porque ela acusava o padrasto de abuso sexual. O irmão da vítima, de 13 anos, foi apreendido. Ele confessou que ajudou a mãe a matar a irmã e que ela foi enterrada viva. "Ela pedia por socorro dentro do buraco”, disse o menino à polícia.

A polícia soube do caso pela própria mãe. Depois de ir três vezes ao local do crime para constatar se a filha estava morta, a mulher procurou a delegacia de Polícia Civil e disse que a menina havia desaparecido após ter sido deixada por ela em uma praça com o irmão. Horas depois, ligou para a Polícia Militar (PM) e contou que havia matado a criança e queria se entregar.

Os policiais então foram ao encontro da mulher, ela falou sobre o que havia acontecido e levou os militares ao local do crime: um buraco perto do lixão do município. Lá, foi encontrado o cadáver da menina, enterrado de cabeça para baixo.

A Polícia Civil e o Conselho Tutelar foram informados e em conversa com o irmão da vítima, ele confessou que havia ajudado a mãe. Ele tinha arranhões nas pernas, o que fez com que fosse levantada suspeita sobre o envolvimento dele.

O adolescente contou aos policiais que a mãe derrubou a filha no chão e passou a enforcá-la com fio elétrico. Na versão do garoto, a irmã pedia por socorro para que não fosse morta. Em seguida, eles encontraram um buraco no chão e colocaram a vítima ainda viva, enterrando em seguida, ficando apenas os pés para fora.

Conforme a Polícia Civil, o médico legista observou, no exame necroscópico, que a vítima apresentava várias lesões pelo corpo, indicando possível ocorrência de tortura. A causa da morte foi asfixia mecânica por compressão do tórax, compatível com o relato do adolescente.

O garoto revelou ainda que a mãe ficou enfurecida porque a irmã havia dito que estava sendo abusada sexualmente pelo padrasto e prometeu matá-la caso continuasse falando sobre o assunto. Em seguida, ela chamou ambos para sair de carro e parou em uma estrada fora da cidade, onde iniciou as agressões e matou a filha.

A Polícia Civil identificou uma testemunha que relatou que a menina havia mencionado, no final do ano passado, ter sido vítima de abuso por parte do padrasto e que não poderia revelar os professores ou para a polícia por medo de apanhar da mãe.

FONTE: G1

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