Justiça britânica nega pedido para soltar Assange por risco de fuga

O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, deixa a Corte de Magistrados de Westminster, em Londres, em 13 de janeiro — Foto: Reuters/Simon Dawson

Dois dias após negar a extradição de Julian Assange para os Estados Unidos, a juíza britânica Vanessa Baraitser negou nesta quarta-feira (6) liberdade condicional ao fundador do WikiLeaks.

A magistrada, que negou a extradição por motivos de saúde, alegou risco de fuga para não aceitar o pedido de liberdade sob fiança feito pela defesa do ativista.

Baraitser afirmou que "há motivos substanciais" para acreditar que, pela conduta anterior de Assange, o ativista de 49 anos fugiria novamente se fosse libertado.

Após ser solto sob fiança em 2012, o fundador do WikiLeaks Assange se refugiou na embaixada do Equador em Londres, onde ficou por sete anos até ser preso, em abril de 2019.

Na ocasião, ele tentava evitar sua extradição para a Suécia, onde era investigado por estupro. Anos depois, o processo foi arquivado pelas autoridades suecas.

Extradição negada

Ao negar a extradição de Assange para os EUA, Baraitser afirmou que, "diante de condições de isolamento quase total", "estou convencida de que os procedimentos descritos pelos EUA não impedirão o Sr. Assange de encontrar uma maneira de cometer suicídio".

Os EUA recorreram da decisão, o que deve prolongar a saga judicial que envolve o ativista desde 2010, quando o site WikiLeaks publicou centenas de milhares de documentos militares e diplomáticos confidenciais de Washington.

Entre os documentos estava um vídeo que mostrava helicópteros de combate americanos atirando contra civis no Iraque em 2007. O ataque matou várias pessoas em Bagdá, incluindo dois jornalistas da agência de notícias Reuters.

O vazamento revelou também atos de tortura e outros abusos. O governo americano alega que Assange colocou em perigo as vidas de seus informantes com a publicação dos documentos secretos sobre as ações militares no Iraque e no Afeganistão.

Assange foi denunciado por promotores americanos por 17 acusações de espionagem e uma de uso indevido de computador e pode ser condenado a 175 anos de prisão.

A defesa do ativista argumenta que o fundador do WikiLeaks estava agindo como jornalista e tem direito às proteções da Primeira Emenda da Constituição americana em relação à liberdade de expressão.

Os advogados do australiano também afirmam que os EUA querem transformá-lo em um castigo "exemplar" em sua "guerra contra os jornalistas investigativos" e Assange não terá um julgamento justo no país.

Fonte: g1

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