Em vídeos que publicaram nos primeiros minutos da madrugada dessa segunda-feira, caminhoneiros de São Paulo informaram que iniciaram a paralização nacional da categoria. Com uma diversidade de entidades representativas, a classe tem o comando dividido em relação ao assunto, mas alguns profissionais garantem que há um pensamento favorável a uma pressão por mudanças por parte do governo, mudanças que esperam há mais de dois anos, enfatizam.
No domingo (1) mais de uma das entidades representativas de caminhoneiros confirmaram a paralisação da categoria para esta segunda-feira (1) em todo o país. O objetivo do movimento está ligado ao preço do diesel, segundo os organizadores e ainda a outras questões mais estruturais.
O presidente do Conselho Nacional dos Transportadores Rodoviários de Cargas (CNTRC), Plínio Dias, por exemplo, afirma que zerar tributos (PIS/Cofins) sobre o preço do litro do diesel, um plano do governo Bolsonaro, não resolve, porque o problema do preço é a paridade ao preço internacional pela Petrobras.
O dirigente, que representa os caminhoneiros autônomos alega que os representantes dessa classe nunca foram chamados para conversa e que, em dois anos do governo atual, nada chegou aos trabalhadores do setor.
Além de diesel mais barato, os caminhoneiros também pedem mudança no texto do projeto 4199/2020, que trata da "BR do Mar". Trata-se de um projeto do governo que pode dar vantagens para empresas estrangeiras atuarem no transporte marítimo de cabotagem. Há temores que isso favoreça frotas de navios para o transporte via litoral brasileiro e rios, mas barato e mais eficiente do que o transporte rodoviário.
Em entrevista à imprensa nesse domingo, Tarcísio de Freitas confirmou a autenticidade de um áudio em que afirma que não vai atender a nenhuma das reivindicações dos caminhoneiros e acrescentou que não acredita na greve. Na avaliação do ministro, a paralisação não terá força e sem adesão das empresas transportadoras. "Estou em contato com as principais lideranças os caminhoneiros, eles não querem parar, querem trabalhar", afirmou.
Bolsonaro pede que caminhoneiros não parem
Na quarta-feira (27), o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), fez um apelo para que os caminhoneiros não cruzem os braços, alegando que "todos vamos perder". Apesar disso, no dia seguinte, um ofício enviado ao governo pelo Conselho Nacional de Transportes Rodoviários de Cargas (CNTRC) confirmou a greve caso as reivindicações da categoria não sejam atendidas.
A greve dos caminhoneiros foi convocada pela Associação Nacional do Transporte Autônomos do Brasil (ANTB), integrante do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC). A ANTB representa cerca de 4.500 caminhoneiros em todo país e, no dia 13 de janeiro, afirmou que não veria problema em realizar uma paralisação durante a pandemia.
Na última terça-feira (26), a greve recebeu apoio da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL), uma das maiores entidades da categoria no país. A CNTTL possui 800 mil motoristas em sua base e orienta todos a aderirem à paralisação.
Governo
Para tentar frear a realização da greve dos caminhoneiros, o governo federal decidiu incluir a categoria na lista do grupo de prioridades para tomar as vacinas contra a covid-19 no país. A ação elava o número de pessoas do grupo prioritário para 77,2 milhões, com a soma de 1,24 milhão de caminhoneiros. Além disso, a Câmara de Comércio Exterior (Camex), do Ministério da Economia, zerou o Imposto de Importação de pneus para veículos de carga.
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, afirmou que o governo trabalhava na revisão de normas de pesagem de caminhões nas estradas, para reduzir custos dos autônomos do setor.
Áudio
Circula em grupos de WhatsApp um áudio do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, em que ele aparece dizendo que não vai atender a nenhum item da pauta. A fala atribuída ao representante do governo está sendo muito criticada e inflamou ainda mais o movimento.
A um representante da categoria, que se identifica como vice-presidente da associação de caminhoneiros da cidade gaúcha de Capão da Canoa, o ministro disse que é impossível não só atender as reivindicações atuais, como também fiscalizar o cumprimento dos benefícios conquistados pelos caminhoneiros na greve de 2018.
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