Fernando Rufino é dono de uma daquelas histórias difíceis de acreditar. Até se encontrar na paracanoagem, o sul-mato-grossense enfrentou touros, sobreviveu a um acidente de trânsito e ainda resistiu a um raio que o atingiu na cabeça.
– Se eu tinha sete vidas, eu estou vivendo a vida de quem morreu cedo, eu peguei emprestado de alguém. Foram muitos acidentes! O ser humano não sabe o quanto é forte, ninguém sabe. Eu descobri passando na prática, no modo bruto mesmo, não teve ninguém, não teve um gibi, leia isso aqui que você supera – comentou Fernando Rufino.
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O sonho de participar de uma Paralimpíada não é novidade. Rufino se preparou para estrear nos Jogos de 2016, no Rio de Janeiro, mas foi cortado a um mês da Cerimônia de Abertura por conta de um problema cardíaco.
O “Caubói de aço”, como ficou conhecido, conquistou a sonhada vaga para os Jogos Paralímpicos de Tóquio em 2019, no Mundial da modalidade na Hungria. Em maio deste ano, na mesma Szeged, ele conquistou dois ouros nas categorias VL2 e KL2.
Mas o caubói duro na queda ainda teria mais um desafio antes de chegar ao Japão: uma acusação de doping.
– Em outubro, entraram em contato comigo dizendo que eu tinha que dar uma explicação por que aquilo [substância proibida] estava no meu sangue – recordou Rufino.
Um teste antidoping, colhido fora de competição, apontou o uso da substância proibida hidrochlorothiazide. Mas a defesa de Fernando Rufino demonstrou junto às entidades internacionais de controle que se tratava de uso estritamente terapêutico – justamente por conta dos problemas cardíacos detectados no último ciclo.
– A gente comprovou o uso emergencial desse medicamento, e foi concedida essa autorização de uso terapêutico retroativo. O Rufino não tem nenhuma condenação em sua carreira. Em inúmeros testes, ele nunca foi pego no teste antidoping, ou seja, não está acostumado com o banco dos réus. É um atleta limpo – disse Alexandre Miranda, advogado do atleta.
– Eu aprendi a me automotivar com alegria, transmitir essa alegria, um sorriso tem um poder imenso na vida de um ser humano. Quem consegue sorrir, eu mesmo, nas minhas “desgramas”, consigo sorrir porque isso quebra as barreiras para mim, porque eu fico contente de ter isso dentro de mim já – concluiu Rufino, que entra na água no dia 2 de setembro.
Fernando, o "Caubói de Aço", andando a cavalo após o acidente — Foto: Arquivo PessoalFonte: GE
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