PF não pediu prorrogação da prisão temporária, realizada na última quinta.
Presos que foram liberados são apontados como líderes de suposto esquema.
Foram liberados nesta terça-feira (25) os quatro presos durante a Operação Plateias, que revelou um suposto esquema de desvio de verbas públicas e direcionamento de licitações no governo de Rondônia. Os suspeitos foram detidos na última quinta-feira (19), quando a operação teve início, em cumprimento a mandado de prisão temporária, que tem validade de cinco dias. A Polícia Federal não pediu a prorrogação do prazo, que venceu à meia noite dessa segunda-feira (24), e nem a conversão em prisão preventiva.
Segundo as investigações, os detidos liberados nesta manhã são os principais articuladores de uma organização criminosa, formada por lobistas e agentes públicos e que teria desviado mais de R$ 57 milhões, em contratos que chegam a quase R$ 300 milhões. Os nomes dos quatro não foram divulgados oficialmente, a PF informou apenas que dois deles estavam em Porto Velho, na Penitenciária de Médio Porte, o Pandinha, um em Ji-Paraná, no Presídio Agenor Martins de Carvalho, e o outro em Brasília, no Complexo Penitenciário da Papuda.
Além dos detidos que foram liberados nesta terça, pelo menos 131 pessoas já foram conduzidas para prestar depoimento sobre o caso, entre elas, o governador de Rondônia, Confúcio Moura (PMDB), apontado como um dos envolvidos. De acordo com a vice-procuradora-geral da República, Ela Wiecko, as investigações mostraram que o dinheiro do esquema abasteceu a campanha do governador, eleito em 2010 e reeleito neste ano.
Após ser levado à sede da Polícia Federal na quinta para depor, sem ser detido, e prestar esclarecimentos por cerca de seis horas, Confúcio disse, em coletiva à imprensa, que será duro e enérgico na exoneração dos nomes investigados na operação, tão logo haja mínimas comprovações de envolvimento no crime. Segundo a apuração da PF, empresas interessadas em participar de licitações do governo de Rondônia eram obrigadas a fazer doações a campanhas eleitorais.
Na quinta passada, também foram cumpridos mandados de busca em oito secretarias de estaduais de Rondônia, onde foram encontradas irregularidades em processos de licitação. Nas sedes das pastas de Saúde, Justiça, Educação, Desenvolvimento Ambiental, Assistência Social, e Obras e Serviços Públicos, localizadas em Porto Velho, foram apreendidos documentos, processos administrativos, notebooks, mídias e agendas. O material será analisado pela superintendência da Polícia Federal de Rondônia.
Até a última sexta-feira (20), 27 mandados de condução coercitiva para localizar envolvidos ainda estavam em andamento. A Polícia Federal ainda não divulgou quantos desses mandados já foram cumpridos e quantos ainda estão em aberto. As buscas para esses mandados deveriam ser realizadas em sete estados, no Distrito Federal e na Espanha.
O esquema
Segundo as investigações, que tiveram início em 2012, empresas interessadas em participar de licitações do governo de Rondônia eram obrigadas a fazer doações a campanhas eleitorais. As licitações eram direcionadas para serem vencidas pelas companhias que faziam parte do esquema criminoso. Em alguns casos, havia até mesmo dispensa de concorrência pública.
Também foram verificados pagamentos indevidos a agentes públicos. Teria sido criado um "fundo de propina", que chegava movimentar cerca de R$ 2 milhões por mês.
Foram encontradas irregularidades na Companhia de Água e Esgoto de Rondônia (Caerd) e em oito secretarias do atual governo: Saúde, Justiça, Educação, Desenvolvimento Ambiental, Assistência Social, e Obras e Serviços Públicos.
Entre os contratos investigados estão o da construção de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), o de fornecimento de alimentos a hospitais e presídios e o de compra de medicamentos.
F: G1
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