Pontífice discursou no Parlamento Europeu em rápida visita a Estrasburgo
O papa Francisco fez
um discurso com tom crítico nesta terça-feira no Parlamento Europeu, em
Estrasburgo, na França. "As grandes ideias que uma vez inspiraram a
Europa parecem ter perdido sua atração, ao serem substituídas pelas
tecnicidades burocráticas de suas instituições”, afirmou.
O pontífice defendeu a necessidade de revigorar a região e retomar a firme convicção sobre a necessidade de promover a paz e a fraternidade em um continente hoje visto como uma “avó que não é mais fértil nem vibrante”. A rápida visita de apenas quatro horas desagradou católicos que esperavam que ele fosse à catedral da cidade. Houve quem dissesse que Francisco está negligenciando a Europa, citou a rede britânica BBC.
Imigrantes – No discurso, o papa pediu mais esforços para auxiliar as milhares de pessoas que arriscam a vida para chegar ao continente — em uma referência à visita que fez em julho do ano passado para encontrar imigrantes. "É preciso uma resposta unificada para essa questão. Não podemos permitir que o Mediterrâneo se transforme em um vasto cemitério”, disse.
O desespero e a miséria em que africanos vivem em seus países fazem com que a cada ano dezenas de milhares tentem a travessia de dias ou semanas pelo Mediterrâneo. Muitos morrem pelo caminho, enquanto líderes europeus tentam encontrar uma solução para o problema.
“Uma das doenças mais comuns na Europa hoje é a solidão típica daqueles que não tem conexão com outros. Isso é especialmente verdade para os mais velhos, que muitas vezes são abandonados ao seu destino, e também no caso dos jovens, que não encontram claros pontos de referência e oportunidades para o futuro. Isso também é visto nos muitos pobres que vivem em nossas cidades e na desorientação de imigrantes que vem para cá em busca de um futuro melhor”, enumerou o papa, segundo o jornal italiano La Stampa.
‘Egoísmo’ – A visita de Francisco é a segunda de um papa a Estrasburgo. Em 1988, o papa João Paulo II visitou a cidade e descreveu a Europa como “um farol da civilização”. Palavras que contrastam com as declarações do atual pontífice, que já considerou o continente “cansado” e adorador do “ídolo dinheiro”.
Nesta terça-feira, ele destacou a crescente descrença de parte dos cidadãos em relação às instituições europeias, consideradas “distantes, empenhadas em estabelecer normas tidas como insensíveis ou até mesmo prejudiciais”. “Em muitos lugares percebemos uma impressão geral de cansaço e envelhecimento, de uma Europa que agora é uma ‘avó’, não mais fértil e vibrante”.
Francisco condenou ainda o estilo de vida “egoísta”, marcado pela opulência que não é mais sustentável. “Para nossa consternação, vemos questões técnicas e econômicas dominarem o debate político, em detrimento da preocupação genuína com o ser humano”. O pontífice fez um pedido para que os países da região “não girem em torno da economia, mas em torno da sacralidade da pessoa humana”. “Chegou o tempo de promover políticas que criem emprego, mas acima de tudo há a necessidade de restaurar a dignidade do trabalho, garantindo condições de trabalho adequadas”.
F:VEJA
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