Várias meninas começaram a procurar a Deam de Goiânia desde a última terça-feira — Foto: Rodrigo Gonçalves/G1 |
Uma das vítimas que denunciou o pai de santo Oli Santos da Costa, de 61 anos, disse à polícia que começou a ser abusada sexualmente por ele quando tinha 14 anos. A adolescente, hoje com 15, contou que chegou a ser forçada pelo suspeito a se relacionar sexualmente com ele.
"Eu falei assim: ‘para, para que está doendo. Eu não quero mais’. E ele: ‘não, a gente vai resolver. A gente tem que resolver isso juntos para você sentir alguma coisa, porque isso é necessário, é um tratamento’", disse a menor em entrevista.
O G1 não conseguiu contato com o suspeito ou saber se ele tem algum advogado para pedir um posicionamento sobre o caso. A rede social dele foi desativada. Segundo a polícia, o pai de santo suspeito de abusar de pelo menos 13 mulheres, foi procurado durante toda a quinta-feira (27), mas não foi localizado.
As investigações seguem com a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), mas, como duas das supostas vítimas são menores, a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) também entrou no caso.
O depoimento dado pela menor, acompanhada da mãe na Deam, já está com a delegada adjunta da DPCA, Caroline Borges, que avalia não só o crime de violação sexual mediante fraude, mas também o estupro qualificado pela idade da vítima.
“A vítima de 15 anos disse que os abusos aconteceram por mais de uma vez, com ele como a entidade e em plena lucidez. Ela relatou que, em certa, ocasião tentou fugir dele, pedia para ele parar, mas ele falava que fazia parte do tratamento espiritual. Para a gente, isso configura estupro”, informou Caroline, dizendo que o primeiro abuso da menor teria sido em fevereiro.
A delegada também contou que as vítimas eram convencidas pelo pai de santo a não conversar entre elas, porque isso atrapalharia o tratamento, mas que, ao perceberem que estavam sendo vítimas de abuso, resolveram se unir e procurar à polícia.
“A outra adolescente tem 17 anos e contou que ele a acariciou e deu um beijo no rosto dela”, disse a delegada, informando que a menina teria repreendido o pai de santo sobre o que aconteceu, mas prometeu que não contaria nada para ninguém.
Paralela à investigação da Deam, a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente pretende ouvir as responsáveis pelas adolescentes.
De acordo com a delegada da Deam da região noroeste de Goiânia, Cassia Sertão, Oli é formado em filosofia e professor universitário. Nas segundas, atua como pai de santo em um terreiro de Quimbanda, no Jardim Balneário Meia Ponte, onde também foi procurado e não foi achado nestas quarta e quinta.
Segundo a delegada, nos depoimentos, as jovens falam que frequentavam o local em busca de ajuda espiritual. Os atendimentos ocorriam, em alguns momentos individualizados, em uma sala fechada do terreiro.
Os relatos, segundo a polícia, são variados, mas todos demonstram certo tipo de abuso sexual.
A polícia também esteve em outro endereço do suspeito, mas ele também não estava. A delegada quer intimá-lo para que ele se apresente até esta sexta-feira (28). Caso ele não compareça para o depoimento, Cássia disse que pode pedir a prisão dele.
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